sexta-feira, 24 de junho de 2011

Cefaléia

Cefaléia é o termo técnico médico para designar a dor de cabeça. É um dos sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes e também é um dos motivos que mais gera queixas dos pacientes , estima-se que 90 a 100% das pessoas terão algum tipo de dor de cabeça ao longo da vidaPorém , mesmo sendo algo que afeta diversas pessoas , o diagnostico da razão que leva à dor é algo muito mais complicado. Isso se deve pelo fato de uma "simples" dor de cabeça se dividir em categorias:

Cefaléias primárias: constituem os tipos mais comuns de dores , essa categoria se sub-divide em : enxaquecas, cefaleia de tensão e cefaleias em salvas.

Cefaléias secundarias: são aquelas dores advindas de uma outra enfermidade , como por exemplo , traumatismos cranianos , meningites e tumores cerebrais.

TIPOS DE CEFALÉIAS PRIMARIAS:
EnxaquecaA enxaqueca é uma condição clínica configurada por vários graus de dores internas na cabeça. Por vezes uma dor no pescoço ou na zona cervical é também interpretada como enxaqueca. A enxaqueca resulta da pressão exercida por vasos sanguíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente.Pode ainda ser migrânea sem aura (mais frequente , o paciente geralmente apresenta apenas o quadro doloroso) ou migrânea com aura (onde o paciente apresenta quadro com efeitos secundários , como vômitos e sensibilidades a luz)  

Cefaléia de tensão: A cefaléia de tensão é o tipo de dor de cabeça mais comum, correspondendo à "dor de cabeça vulgar". Este tipo de cefaléia não é causado por uma doença específica, parecendo estar relacionada com factores de tensão física (por exemplo, má postura) e psicológica (ansiedade e stress). A cefaléia de tensão típica é habitualmente de intensidade ligeira ou moderada, atinge ambos os lados da cabeça e é muitas vezes descrita como uma sensação de aperto, peso ou a rodear a cabeça.
      ATENÇÃO: não confundir enxaqueca com cefaleia de tensão


Cefaléias em salvas : são fortes dores de cabeça, extremamente dolorosas e de ocorrência rara, que ocorrem em grupos ou salvas.É certamente o tipo de dor de cabeça mais forte que se conhece. Mais comum nos homens que nas mulheres, a cefaleia em salvas é caracterizada por uma dor unilateral (em um lado da cabeça), envolvendo a região frontal, ocular. Sua duração é de 15 minutos a 3 horas, podendo apresentar de uma até oito crises por dia, com um predomínio noturno, geralmente pacientes acordam no meio da madrugada com dor de cabeça.

ESTUDOS REFERENTES AS CEFALÉIAS:

Algumas situações dificultam o estudo da epidemiologia das cefaléias. Dentre elas podemos destacar :
- A população estudada representa a principal causa de erro em muitos estudos. A amostra deve conter a mesma proporção de ricos e pobres, jovens e idosos, as mesmas faixas etárias da população, as mesmas faixas de rendimento familiar, etc.
- Ocorrência de mais de um tipo de cefaléia num mesmo indivíduo. Em geral o paciente lembra-se melhor da cefaléia mais recente ou da mais intensa e incapacitante.
- O diagnóstico das cefaléias primárias é baseado em informações do paciente. Não existem testes específicos para confirmação. As informações passadas pelo paciente são contaminadas pelo subjetivismo do paciente e do médico.Diversos estudos foram feitos , serão aqui expostos o resultado de um deles.
Tabela 1: Dados apresentados em porcentagens.




A tabela demonstra a frequência das dores em pacientes de diferentes sexos , é possível notar que as mulheres tem um aumento dessa frequência com o passar dos anos.As causas desse aumento podem ser relacionadas ao aumento do estresse ou de outros agravantes. No caso da maior incidência em mulheres , é explicado pelo desequilíbrio hormonal durante os períodos de menstruação e menopausa.

Incidência e prevalência de enxaquecas (migrâneas) :
Das cefaléias , a enxaqueca é a mais estudada do ponto de vista epidemiológico. O calculo da incidência de enxaquecas apresenta dificuldades , pois poucos estudos foram realizados. Porém , um estudo realizado por Stewart e col. (nos EUA) em conjunto com Ramussen(Dinamarca) apresentou um pico de incidência na juventude , que declina ao passar dos anos nos homens , já no caso das mulheres o quadro tende a aumentar com a aproximação da menopausa.
Tabela 2 : incidência de enxaquecas por 100.000 pessoas/ano





A prevalência das enxaquecas : esse fator foi estudado em diferentes grupos , alguns deles foram,
- População em geral
- Estudantes de diferentes níveis
- Trabalhadores de empresas

Foram analisados preferencialmente os dados da população em geral. As informações obtidas foram:

A prevalência ao longo da vida: é a soma das incidência anuais, crescendo sempre nas faixas etárias mais velhas. Curiosamente, Rasmussen ( 1995 ) verificou queda na prevalência da migrânea após os 50 anos. As possíveis explicações seriam a maior mortalidade dos migranosos, o aumento da incidência de migrâneas em crianças e adolescentes nos últimos anos ou falha na informação dos idosos nos quais associam-se diminuição da prevalência da migrânea com surgimento de doenças próprias desta faixa etária ( hipertensão, diabetes, problemas circulatórios, câncer etc. ), diminuindo lembranças das cefaléias ocorridas quando mais jovens.

Prevalência anual : quase todos os trabalhos publicados, referem-se a esta condição. Demonstram predomínio no sexo feminino ( entre 2,2:1 a 2,9:1 ) com proporções maiores entre os 30 e 50 anos de idade . As crises são mais freqüentes, mais incapacitantes e mais duradouras nas mulheres. O pico de prevalência situa-se em torno dos 30-50 anos, sendo menor nas crianças e nos idosos. Nas crianças a relação menino/menina é de 1:1. A migrânea com aura é menos freqüente que sem aura ( 1 : 2 ).
Alguns desses resultados estão expostos a seguir:
Tabela 3: Apresenta a análise de diferentes amostras.
Efeitos da migrânea na qualidade de vida dos pacientes :
Um dos maiores avanços na área de saúde da última década foi o crescente consenso sobre o valor de se medir o impacto de uma moléstia na qualidade de vida relacionada à saúde.
O amplo espectro que constitui a sensação de bem-estar inclui o funcionamento físico, mental, bem-estar, limitações de atividades e a sensação geral de saúde. Há duas maneiras básicas para se avaliar a qualidade de vida. As avaliações genéricas, como o por exemplo, o Short-Form-36 (SF-36), que proporciona uma opinião auto-relatada do paciente comparando o ônus atribuível a determinada condição com os de outras moléstias e com pessoas tidas como saudáveis.
Estudos recentes têm mostrado, que migranosos têm significativas limitações na qualidade de vida em relação a população saudável e mesmo quando comparados a outras condições crônicas.Migranosos que se classificaram como moderados, intensos ou muito intensos tiveram escores inferiores nas medidas de dor, funcionamento social, a função da condição física, funcionamento físico e saúde mental.

Tabela 4: Comparação entre migranosos e pessoas saudáveis.

Estudos compararam a migrânea com outras moléstias crônicas como osteo-artrítite, diabetes, depressão e hipertensão arterial sistêmica. Migranosos relataram significativamente mais dor, maior restrição para as atividades diárias, pior estado mental, e funcionamento social. O quadro que não diferiu de enxaquecosos foi a depressão.
Tabela 5 : comparação entre migranosos e portadores de outras doenças crônicas.









A adição desde dados comprova que as migrâneas podem vir a ser ocasionadas como efeito secundário de uma doença , ou pior , provocarem outros distúrbios que podem chegar a impedir uma pessoa de ser totalmente funcional , uma vez que a sua saúde mental pode ser afetada.

Os custos das migrâneas pra a sociedade:
Os custos diretos incluem os cuidados médicos (diagnóstico, tratamento, medicamento), outros custos como transporte, equipamentos especiais. O custo agregado inclui gastos com pesquisas médicas, treinamento profissional, construções de edifícios, e administração de serviços. Na prática alguns custos são difíceis de avaliar, por exemplo custos com pesquisas básicas.
Custos indiretos medem-se em termos de valor de produção perdida que é atribuído à enfermidade, incluindo perdas de vencimentos e estimativa do valor dos serviços domésticos. A diminuição de efetividade no trabalho também deve ser avaliada e mensurada. Outros custos indiretos incluiriam menores oportunidades de promoção e educação, o paciente Ter que submeter-se a mudanças de serviço que não eram pretendidas e o tempo perdido pelos acompanhantes.
Tabela 6: Custos de drogas para aliviar as migrâneas em diversos países.
Esses dados demonstram que as empresas de fármacos voltados para esse tipo de paciente obtêm um lucro imenso com a venda de remédios para aliviar as dores. Porém , mais chamativo é o valor dos remédios obtidos sem prescrição médica alguma , oque demonstra q muitas vezes os pacientes não procuram ajuda médica especializada e tentam aliviar seus problemas via auto medicação , algo que é extremamente desaconselhável.

CONCLUSÃO:
Tendo conhecimento desses fatos e dados sobre as cefaléias , é possível notar que as migrâneas são um mal crescente , uma vez que estudos epidemiológicos nacionais da enxaqueca estudou mais de 3800 pessoas revelou que a população brasileira tem 15,2% de enxaqueca, 13% de cefaleia tensional e 6,9% de cefaleia crônica diária.
Os pacientes que sofrem deste mal acabam sofrendo danos físicos e psicológicos , além de terem q arcar com custos , ja que grande maioria das dores não tem cura , apenas uma forma de aliviar a dor.As cefaléias não devem ser vistas apenas como um pequeno incômodo , elas podem ser o sinal de um problema ainda maior e por isso deve-se sempre consultar os especialistas para realizarem um diagnóstico correto e evitar ao máximo a auto medicação.




REFERÊNCIAS: http://migre.me/5eYLp